Existência
Existência aconteceu entre 2002 e 2005 e foi o unico projecto de João Fiadeiro em que o método de Composição em Tempo Real é aplicado ao vivo. Tem a ambição de ser um "espectáculo total", ao mesmo tempo que recusa as características românticas e wagnerianas associadas a essa expressão.
Espectáculo total simplesmente porque nos parece atentar contra as próprias definições de espectáculo e de representação, diluindo no seu seio o papel do coreógrafo, do dramaturgo, do intérprete, bem como o do espectador.
Existência devolve assim ao intérprete o lugar central e único que lhe é devido: o lugar da responsabilidade daquilo que é dado a ver ao espectador no momento da representação.
Neste sentido, Existência organiza o desaparecimento do coreógrafo enquanto criador, para o recolocar no seio de uma equipa da qual seria o seleccionador e o treinador.
A estratégia de jogo pode bem ser estudada em estúdio, mas o momento do encontro com o público permanece em aberto, dependendo da boa aplicação da metodologia de Composição em Tempo Real pelos intérpretes; da sua “inspiração” quando chega o momento de tomar uma decisão; das oportunidades que saberão criar à medida que decorre a representação.
Existência toma à letra os motivos da investigação artística que conduzimos. Não há coreografia escrita, nem plano preestabelecido, nem acção predeterminada. Tudo se joga quando chega o momento.
Cada representação é a criação de um novo espectáculo.